segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Até quando as crianças devem acreditar em Papai Noel?

O Natal está chegando. Cada vez mais cedo temos visto pelas ruas a sua presença. O clima é alegre, festivo e provoca nas pessoas um sentimento de solidariedade pouco visto em outras épocas do ano.

O menino Jesus, personagem principal desta comemoração, fica ofuscado por um outro – Papai Noel, que foi inspirado em São Nicolau, arcebispo da Turquia no século III. Ele ajudava pessoas com dificuldades, gostava de crianças e jogava presentes pelas janelas das casas. Aos poucos, sua figura foi se transformando e a história é outra.

Atualmente, Papai Noel vive no Polo Norte na companhia da Mamãe Noel, de seus duendes e renas voadoras. Na noite do dia 24 de dezembro, ele distribui presentes para todas as crianças do mundo.

Difícil de acreditar? Não para a maioria dos pequenos, que inclusive chegam a vê-lo e a ouvir o barulho de suas renas. Eles esperam ansiosos a data que costuma vir recheada de presentes.

Mesmo nas famílias com dificuldades financeiras. Há inúmeras campanhas que garantem um Natal feliz para todos. As pessoas são tomadas pelo espírito natalino e todos se tornam um pouquinho Papai Noel.

Porém, fica a dúvida:  até quando se deve ter essas crenças. Assim como com o Coelho da Páscoa e a Fada do Dente, não há uma idade certa. A criança quando é bem pequenina costuma ser muito fantasiosa. Aquilo que ela ouve e vê, existe de verdade. Realidade e fantasia se confundem. É a época do faz de conta.


À medida que cresce, seu pensamento se transforma. Ela passa a fazer uma diferenciação entre o real e o fantástico. Aos poucos, com os elementos da realidade, faz uma leitura diferente das coisas e não acredita mais na existência dessas figuras. Isso se dá por volta dos sete anos de idade. Algumas crianças antes, outras mais tarde.

Alguns pais preferem dizer logo a verdade, como se essas crenças fossem danosas. Porém, vale lembrar que a capacidade de fantasiar e sonhar está na base da criatividade e, consequentemente, da inteligência. Não há mal algum.

No entanto, temos que respeitar os limites da criança. Conforme ela for estabelecendo hipóteses sobre a não existência desses personagens, é importante que os pais validem, indo de encontro às suas percepções. Caso contrário, ela não confiará muito nas coisas que vê e ouve.

Como é gostosa a brincadeira do Papai Noel. Cultivá-la, dentro do limite da criança, só traz benefícios. Até porque, a maioria gostaria que ele existisse.


Ana Cássia Maturano
psicóloga e psicopedagoga formada pela Universidade de São Paulo (USP). É especialista em problemas de aprendizagem e colunista de Educação do portal G1, onde escreve sobre Educação e a relação entre pais e filhos.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Os Pequenos Filósofos

Crianças filosofam, pensam sobre a vida e inventam respostas. Costumam se indagar, antes mesmo de nos indagar, a respeito das coisas do mundo.

Esta é a maneira como vão se constituindo como seres próprios, individualizados e capazes de se diferenciarem em relação ao que encontram já pronto ao seu redor. Muitas vezes, nós, os adultos, nos irritamos em relação às perguntas fora de hora, ora repetitivas, ora insistentes e, com frequência, difíceis de responder. Contudo, ainda que seja fácil de entender o que em nós se passa de impaciência, será interessante se conseguirmos, frente às perguntas de nossos pequenos filósofos, parar, procurar entender o que buscam, talvez, perguntando também e ajudar a pensar. Lembremos sempre que mais importante que responder é estimular a reflexão, valorizar a dúvida, que vem junto com a coragem dos pequenos de tirar “os pés do chão”, fincados que estavam nas explicações há muito conhecidas, e buscar o novo, aquilo que ainda não foi entendido. 
Procuremos ouvir com atenção, pois para as crianças pensar sobre seu pequeno mundo é um modo, talvez o mais seguro, de ficarem donas dele e, a partir daí, terem o futuro como perspectiva a ser sonhado, planejado e desfrutado antes de ser vivido. O que ajudará muito a vivê-lo quando for o momento. E se não for possível ter essa disponibilidade no momento em que a criança pede, adie, peça desculpas pela impossibilidade e proponha que aguarde até tal dia... ou tal hora... ou tal momento... quando então será possível sentarem com calma e conversar. Crianças podem esperar, conseguem e, às vezes, as ajudamos a aprender. O importante é que respeitemos e possamos cumprir os combinados. 
E isto é sagrado!


Silvia Lobo ( psicanalista )
Emoções Infantis: O Universo das Crianças

http://www.jardinsdainfancia.com.br
Em 11/11/2013