O Natal está chegando. Cada vez mais cedo temos visto pelas ruas a sua presença. O clima é alegre, festivo e provoca nas pessoas um sentimento de solidariedade pouco visto em outras épocas do ano.
O menino Jesus, personagem principal desta comemoração, fica ofuscado por um outro – Papai Noel, que foi inspirado em São Nicolau, arcebispo da Turquia no século III. Ele ajudava pessoas com dificuldades, gostava de crianças e jogava presentes pelas janelas das casas. Aos poucos, sua figura foi se transformando e a história é outra.
Atualmente, Papai Noel vive no Polo Norte na companhia da Mamãe Noel, de seus duendes e renas voadoras. Na noite do dia 24 de dezembro, ele distribui presentes para todas as crianças do mundo.
Difícil de acreditar? Não para a maioria dos pequenos, que inclusive chegam a vê-lo e a ouvir o barulho de suas renas. Eles esperam ansiosos a data que costuma vir recheada de presentes.
Mesmo nas famílias com dificuldades financeiras. Há inúmeras campanhas que garantem um Natal feliz para todos. As pessoas são tomadas pelo espírito natalino e todos se tornam um pouquinho Papai Noel.
Porém, fica a dúvida: até quando se deve ter essas crenças. Assim como com o Coelho da Páscoa e a Fada do Dente, não há uma idade certa. A criança quando é bem pequenina costuma ser muito fantasiosa. Aquilo que ela ouve e vê, existe de verdade. Realidade e fantasia se confundem. É a época do faz de conta.
À medida que cresce, seu pensamento se transforma. Ela passa a fazer uma diferenciação entre o real e o fantástico. Aos poucos, com os elementos da realidade, faz uma leitura diferente das coisas e não acredita mais na existência dessas figuras. Isso se dá por volta dos sete anos de idade. Algumas crianças antes, outras mais tarde.
Alguns pais preferem dizer logo a verdade, como se essas crenças fossem danosas. Porém, vale lembrar que a capacidade de fantasiar e sonhar está na base da criatividade e, consequentemente, da inteligência. Não há mal algum.
No entanto, temos que respeitar os limites da criança. Conforme ela for estabelecendo hipóteses sobre a não existência desses personagens, é importante que os pais validem, indo de encontro às suas percepções. Caso contrário, ela não confiará muito nas coisas que vê e ouve.
Como é gostosa a brincadeira do Papai Noel. Cultivá-la, dentro do limite da criança, só traz benefícios. Até porque, a maioria gostaria que ele existisse.
Ana Cássia Maturano
psicóloga e psicopedagoga formada pela Universidade de São Paulo (USP). É especialista em problemas de aprendizagem e colunista de Educação do portal G1, onde escreve sobre Educação e a relação entre pais e filhos.